Não importa de que geração cada um de nós seja, fomos quase
todos tomados pela onda das redes sociais, mensagens instantâneas e aparelhos
de celular. Nossas relações se tornaram intensas e superficiais. Intensas na
rapidez e na quantidade. Superficial na falta do “olhos nos olhos” e de um
bate-papo mais demorado e verdadeiramente interessado.
Nosso cérebro se viciou na velocidade das redes.
Buscamos inconscientemente o prazer gerado pela quantidade de curtidas e a
enorme satisfação pela quantidade de notícias inúteis, as quais nem lemos por
inteiro. Passamos mouse abaixo, como uma alimentação superficial da nossa
necessidade de informação.
Há algumas semanas me peguei ligando para alguém e
me dei conta de que nunca ligava para tal pessoa. Me perguntei sobre como
aquilo poderia ser a primeira vez em anos, já que se tratava de uma pessoa tão
amada por mim. A ligação pode até ter sido curta, mas valeu muito mais do que
mil curtidas ou alguns meros compartilhamentos. A voz e o riso de quem se ama,
com a possibilidade de se rir junto não acontece via rede social, a não ser
numa rara conversa via vídeo.
Uma semana depois repeti o ato revolucionário e
quase que transgressor: liguei para um amigo. Acho que o mesmo até se espantou.
Falamos por uma hora assuntos tão interessantes, ao mesmo tempo em que rimos e
curtimos juntos o compartilhar do momento, do instante e de tantas sensações
que tudo isso junto é capaz de gerar.
Entendi que telefonema pode ser usado até mesmo como
terapia. Quem sabe, uma vez por semana, com interlocutores bem escolhidos, não
venham a fazer uma revolução no meu estado de espírito? É claro que sim. Se no
dia-a-dia atendo diversas ligações de trabalho, escrevo e-mails e mensagens que
nunca acabam, por que não voltar a usar a tecnologia em favor de mim mesma? Das
velhas amizades e sensações?
Percebo que o problema não reside no aparelho
telefônico ou hábitos desenvolvidos com a modernidade. Ligar para alguém
significa também ouvir.
Vivemos uma era em que as pessoas se sentem
confortáveis em nem ao menos responder as mensagens que recebem. Deixam umas às
outras “no vácuo”, sem resposta ou explicação.
Uma postagem comum nas redes sociais diz: “Em terra
de Whatsapp, telefonema é prova de amor!”. E não é que há razão nisto?
Uma ligação abre espaço para assuntos mais
profundos, um riso, um choro e até mesmo para um silêncio cheio de
significados. Um telefonema tem voz, ritmo e sensações que já não nos lembramos
mais. Ligar para alguém pode se tornar um momento único.
Há os que não irão gostar, acostumados à rapidez e
velocidade das modernas mensagens via rede. No mais, há de se encontrar quem
ainda esteja disponível para o velho hábito.
De um atual ponto de vista, voltar ao costume do
telefonema é retomar o interesse de forma mais profunda por quem se gosta. Pode
até parecer coisa antiga. Mas deve ser bem melhor do que essa nova
superficialidade.
E sem pressa, pode até ser mesmo uma declaração de
amor…
Por Psiconlinews via Aleteia
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