Quando
a Igreja fala de vida consagrada, está falando de uma vocação, e há várias
modalidades de vida dentro da Igreja. Seguem essa vocação os monges e monjas,
os religiosos e religiosas, das ordens, congregações e institutos religiosos.
Além desses, existem os membros dos Institutos Seculares, bem
como os consagrados e consagradas das assim chamadas ?Novas Comunidades?,
muitas das quais nasceram dentro de movimentos eclesiais relativamente recentes
ou formam seu núcleo central. Há também a Ordem das Virgens consagradas,
restaurada por Paulo 6º a partir do Concílio Vaticano 2º, cujos membros não
constituem comunidade de vida, mas vivem no mundo, tendo consagrado sua
virgindade a Cristo, para o testemunho e o serviço na sua respectiva diocese.
Neste Mês Vocacional, divulguemos também essa vocação de vida
consagrada e rezemos por ela, porque constitui um grande tesouro na Igreja e é
uma excepcional força e serviço nas atividades da pastoral direta nas dioceses
e paróquias, como também no setor de escolas, colégios e universidades, no
setor dos hospitais e demais serviços de saúde, no setor de obras
assistenciais, só para citar os mais conhecidos.
Cada forma de vida consagrada tem um carisma próprio, ou seja,
seus fundadores decidiram e, depois, a Igreja os aprovou ? viver um ou mais
aspectos do Evangelho de Jesus Cristo, numa forma radical e ampla, e ainda
professar os conselhos evangélicos da pobreza, obediência e castidade como algo
próprio e comum de todas as formas de vida consagrada. Assim, os fundadores
lhes deram normalmente uma regra de vida e Constituições ou apenas
Constituições, que lhes dão organização e normas de vida.
A
vida consagrada depois do Concilio Vaticano II
O Concílio Vaticano 2º, ao tratar da vida consagrada, diz: “?O
estado (de vida consagrada) constituído pelos conselhos evangélicos, embora não
pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está, contudo, firmemente
relacionado com sua vida e santidade? (LG, 44). ?Os conselhos evangélicos da
castidade consagrada a Deus, da pobreza e da obediência se baseiam nas palavras
e nos exemplos do Senhor. São recomendados pelos apóstolos, santos e padres e
pelos mestres e pastores da Igreja. Constituem um dom divino que a Igreja
recebeu do seu Senhor e por graça dele sempre conserva. A própria autoridade da
Igreja, guiada pelo Espírito Santo, cuidou de interpretar os conselhos
evangélicos, regulamentar-lhes a prática e estabelecer formas estáveis de vida?
(LG 43).
A vida consagrada é sobretudo um sinal. Diz o Concílio: “?A
profissão dos conselhos evangélicos se apresenta como um sinal que pode e deve
atrair eficazmente todos os membros da Igreja, para o cumprimento dedicado dos
deveres impostos pela vocação cristã. Como, porém, o povo de Deus não possui
aqui (no mundo) morada permanente, mas busca a futura, o estado religioso (de
vida consagrada), pelo fato de deixar seus membros mais desimpedidos dos
cuidados terrenos, ora manifesta já aqui, neste mundo, a todos os fiéis a
presença dos bens celestes, ora dá testemunho da nova e eterna vida conquistada
pela redenção de Cristo, ora prenuncia a ressurreição futura e a glória do
Reino Celeste? (LG 44). Assim, a vida consagrada é sinal das coisas de Deus, da
nossa ressurreição futura e da glória do Reino Celeste, pois faz dessas
realidades sua vida já aqui no mundo.
Santos
brasileiros gerados na vida consagrada
São João Paulo II diz: ?”A primeira tarefa da vida consagrada é
tornar visíveis as maravilhas que Deus realiza na frágil humanidade das pessoas
chamadas. Mas do que com as palavras, elas testemunham essas maravilhas com a
linguagem eloquente de uma existência transfigurada, capaz de suscitar a
admiração do mundo. A essa admiração dos homens respondem com o anúncio dos prodígios
da graça que o Senhor realiza naqueles que ama.”? (VC, 20). ?Deste modo, a vida
consagrada torna-se um dos rastos concretos que a Trindade deixa na história,
para que os homens possam sentir o encanto e a saudade da beleza divina?, diz o
Papa (VC,20). Exemplos de pessoas consagradas são os brasileiros: Santa
Paulina, Beato Frei Galvão e Beato José de Anchieta.
A vida consagrada torna seus membros testemunhas de Cristo no
mundo, sobretudo pela prática da caridade, da solidariedade com os pobres e os
excluídos e pela missionariedade. “Há que afirmar que a missionariedade está
inscrita no coração mesmo de toda forma de vida consagrada?”, afirma o Papa
(VC, 25).
Então, que o Mês Vocacional seja uma oportunidade feliz para
fazer conhecer e amar essa vocação tão preciosa da vida consagrada!
Por Dom
Cláudio Cardeal Hummes
Arcebispo de São Paulo
Arcebispo de São Paulo
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