O
Papa emérito Bento XVI afirma, numa entrevista divulgada nesta quarta-feira,
24, que a sua obediência a Francisco “nunca esteve em causa”, e ao Pontífice
agradece pela “benevolência” com que o tem tratado.
“A obediência ao meu sucessor nunca esteve em causa. Depois há o
sentimento de comunhão fraterna e de amizade”, refere, numa entrevista
publicada pelo jornal italiano ‘La Republica’.
Bento XVI conversa com Elio Guerriero, numa entrevista que vai
integrar a nova biografia do Papa emérito, ‘Servidor de Deus e da humanidade’
(Mondadori), com distribuição prevista para 30 de agosto. O prefácio da obra é
escrito pelo Papa Francisco.
O papa emérito considera que a eleição de um cardeal
sul-americano como seu sucessor representou um convite a uma “comunhão mais
extensa, mais católica”.
“Pessoalmente, fiquei profundamente sensibilizado desde o
primeiro momento pela extraordinária disponibilidade humana do Papa Francisco
em relação à minha pessoa. Logo depois da sua eleição procurou contactar-me por
telefone”, revela.
Desde então, explica Bento XVI, existe uma relação
“maravilhosamente paterna-fraterna”, que inclui breves cartas e visitas de
Francisco.
“Aquilo que [Francisco] diz em relação à disponibilidade para
com as outras pessoas não são só palavras: coloca-o em prática comigo”,
assinala.
A nova biografia explica que a decisão de renunciar ao
pontificado foi tomada por Bento XVI após a viagem ao México e Cuba (23 a 29 de
março de 2012), na qual o agora Papa emérito disse ter experimentado “os
limites” da sua resistência física.
Em perspectiva, estava uma visita ao Rio de Janeiro para a
Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013, que Bento XVI considerava não ser
capaz de realizar.
“Naturalmente, falei destes problemas com o meu médico, Dr.
Patrizio Polisca, e ficava claro que não estaria em condições de tomar parte na
Jornada Mundial da Juventude”, relata.
Para Bento XVI, a presença de um Papa na JMJ é obrigatória, pelo
que acabou por “decidir num tempo relativamente breve” a data da sua resignação
[28 de fevereiro de 2013].
O Papa emérito rejeita a ideia de ter sido um homem só e
sublinha que o apoio recebido se manteve após a renúncia. “Posso apenas estar
grato ao Senhor e a todos os que me exprimiram e ainda me manifestam o seu
afeto”, afirma.
Além da nova biografia, vai ser publicada em setembro outra obra
dedicada a Bento XVI, intitulada ‘Last Testament: In His Own Word’ (Último
Testamento: nas suas próprias palavras), em que o Papa emérito percorre vários
temas do seu pontificado, em colaboração com o jornalista alemão Peter Seewald.
Bento XVI anunciou a sua renúncia ao pontificado a 11 de
fevereiro de 2013 e mantém desde então uma vida de recolhimento, no Vaticano,
surgindo esporadicamente em público para acompanhar cerimônias presididas pelo
Papa Francisco ou receber homenagens.
Por
Agência Ecclesia
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