Cresce a perseguição contra os cristãos no mundo,
como revela o Relatório 2017 da organização internacional “Portas Abertas”
(leia aqui). A cada
ano, a entidade elabora a lista dos 50 países onde os cristãos são mais
oprimidos, assediados, discriminados, objeto de abusos e violências devido a à
sua fé, condicionados na vida privada e pública.
A Rádio Vaticano entrevistou o Diretor de Portas Abertas Itália,
Cristian Nani:
“No Relatório deste ano há uma evidente ascensão do nacionalismo
religioso em algumas áreas da Ásia. E esta é, talvez, a parte que surpreende um
pouco mais. Um país como a Índia sobe ao 15º lugar devido ao nacionalismo
hinduísta, que oprime a vida social dos cristãos neste grande país. Mas também
em nações como o Laos, Bangladesh, Vietnã, Butão – que têm origem e tipologias
sociais completamente diferentes – o nacionalismo religioso está encontrando um
particular espaço. O outro elemento fundamental, que depois é a fonte principal
de perseguições anticristãs, permanece aquele que nós definimos como “a
opressão islâmica”, extremistas bem conhecidos das primeiras páginas dos
jornais e das reportagens radiofônicas e televisivas, como o Boko Haram,
Al-Shabbat ou o EI, até chegarmos às perseguições na vida social ordinária de
pelo menos 35 dos 50 países da lista”.
RV: O primeiro lugar é ocupado, há 15 anos, pela Coreia do
Norte. E ali o problema é de ordem política!
“Sim. Lá existe uma ideologia que governa a vida social dos
norte-coreanos, que é pura adoração ao líder Kim Jong-um. Na Coreia do Norte,
as violações dos direitos humanos são maciças: existe até mesmo a presença de
campos de reeducação e de trabalhos forçados, similares àqueles nazistas, onde
estão reclusas – nós estimamos – entre 50 e 70 mil cristãos pelo simples fato
de serem cristãos ou de ter possuído uma Bíblia”.
RV: Dr. Nani, na sua opinião, esta perseguição é lavada ao
conhecimento da opinião pública mundial?
“Eu acredito que tenha havido um aumento da atenção nos últimos
anos. Eu recordo que há 7-8 anos, era bastante difícil falar de perseguição
contra os cristãos, mesmo que nunca como nesta época tenham existido tantos
perseguidos, em termos numéricos. Mas ainda se fala muito pouco a respeito e talvez,
de maneira superficial, sobretudo quando existem mortos, ou seja, homens e
mulheres que são mortos pelo simples fato de acreditarem em Deus. Falamos –
segundo nossas estimativas – de 1.207 mártires cristãos no ano apenas
transcorrido e de mais de 1.300 igrejas atacadas. O que penso que deva ser
sublinhado, é o fato de que precisamente a discriminação e o relegar as pessoas
a uma vida de série B, a uma vida sem futuro, sem acesso à escola, sem acesso
ao mundo do trabalho e aos cuidados médicos, pelo simples fato de acreditar em
Jesus Cristo, deveria ser algo que, ao menos, pudesse sacudir o mundo
ocidental”.
RV: O fato de que estas perseguições estejam até mesmo
aumentando, pode significar também que os direitos das pessoas estão cada vem
mais sendo menos respeitados no mundo?
“Certamente, é um sinal dos tempos. Está claro que existe uma
laceração nas sociedades a diversos níveis. Certo, as perseguições, o sangue
dos mártires como semente da Igreja, não é uma novidade destes anos: a novidade
é que estão aumentando muito”.
Por
Rádio Vaticano
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