Um livro sobre as viagens do
Papa Francisco, que pretende levar aos leitores os bastidores dos deslocamentos
de Francisco ao redor do mundo. Intitulado “Em Viagem”, a obra do jornalista
Andrea Tornielli, do La Stampa, inicia com uma longa entrevista com Bergoglio,
e estará nas livrarias italianas a partir de hoje.
“Sinceramente,
nunca gostei muito de viajar”, confessa Jorge Mario Bergoglio, ao responder com
a sinceridade que lhe é peculiar, à pergunta de Tornelli sobre suas viagens
apostólicas. “Sempre me cansou estar longe de minha diocese, que para nós,
bispos, é a nossa “esposa””, revela.
A primeira viagem
como Pontífice na Itália foi a Lampedusa. “Eu senti que devia ir, as notícias
sobre os migrantes mortos no mar me tocaram e comoveram muito”, “era importante
ir lá”.
Encorajar sementes de esperança
Após a viagem ao
Rio de Janeiro para a JMJ – programada desde antes sua eleição – Bergoglio
decidiu responder “simplesmente sim” aos convites que se sucederam. Deixou-se
“levar”. “Agora – afirma – sinto que devo fazer as viagens, ir visitar as
Igrejas, encorajar as sementes de esperança que existem”.
As viagens –
confidencia – “são cansativas, mas digamos que por agora eu consigo”. Talvez –
destaca – “me cansem do ponto de vista psicológico, mais do que fisicamente”.
Todavia, há uma “riqueza inimaginável” nas viagens, “rostos, testemunhos,
imagens, experiências”. Uma riqueza “que sempre me faz dizer: valeu a pena”.
Quando viajam, os Pontífices
levam Jesus a quem sofre
O Papa fala também
do entusiasmo das pessoas durante suas viagens. E recordando Paulo VI, comenta
que “o Papa deve ter consciência do fato de que ele leva Jesus, testemunha
Jesus e a sua proximidade e ternura à todas as criaturas, de modo especial
àqueles que sofrem”.
Francisco recorda
então alguns momentos indeléveis de suas viagens, do “entusiasmo dos jovens no
Rio de Janeiro, que me atiravam de tudo no papamóvel” à acolhida nas Filipinas,
em particular em Tacloban, sob uma chuva torrencial.
Trago em meu coração as pessoas
que encontro
Tornielli perguntou
a Francisco como ele se recorda das tantas pessoas que encontra. “Trago-as em
meu coração – responde – rezo por elas, rezo pelas situações dolorosas e
difíceis com as quais tive contato. Rezo para que se reduzam as desigualdades
que vi”.
O Papa reitera que
na Europa preferiu visitar países que “estão ou estiveram em graves
dificuldades”. Isto – observa – “não significa não ter atenção pela Europa, que
encorajo como posso, a redescobrir e a colocar em prática as suas raízes mais
autênticas, os seus valores”.
Francisco diz estar
convencido de que “não serão as burocracias ou os instrumentos da alta finança
a nos salvar da crise atual e a resolver o problema da imigração, que para os
países da Europa é a maior emergência desde o final da II Guerra Mundial”.
Entendo as exigências da
segurança, mas não aceito barreiras com as pessoas
Francisco responde,
por fim, sobre o tema da segurança em suas viagens apostólicas. “Eu – ressalta
– agradeço aos gendarmes e aos guardas suíços por terem se adaptado ao meu
estilo”, “não consigo me deslocar em carros blindados ou nos papamóveis com
vidros à prova de balas, fechados”.
“Um bispo é um
pastor, um padre, não podem existir barreiras entre ele e as pessoas”, reitera.
“É necessário confiar e entregar-se, estou consciente dos riscos”, mas “não
temo pela minha pessoa”.
Existe sempre –
conclui – “o perigo de algum gesto imprevisto de algum louco. Mas o Senhor está
sempre presente”.
Por Rádio
Vaticano
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