Entre as práticas de
misericórdia corporal, o gesto de visitar os enfermos nos convida a
desinstalarmo-nos de nós mesmos e irmos ao encontro daqueles que padecem dos mais
diversos tipos de sofrimento. Jesus é nosso modelo de misericórdia. Ele sempre
está ao lado dos fracos e oprimidos, dos pobres e marginalizados, dos enfermos
e excluídos. Em cada visita que Jesus realizava, ele devolvia ao ser humano o
direito à dignidade e a vida plena.
Visitar
uma pessoa enferma é um gesto de misericórdia carregado de profundo sentido
humano e espiritual. Em cada visita que realizamos, levamos não somente a nossa
amizade, mas também nossa oração, carinho e fraternidade às pessoas.
Seja mais que uma visita
Muitos
enfermos quase nunca recebem uma visita. No entanto, visitar é um gesto
profundamente cristão. Jesus sempre visitou quem estava com algum tipo de
enfermidade. Quando a sogra de Pedro estava enferma, Jesus foi até sua casa e
restabeleceu a sua saúde (cf. Mt 8,14-15); também curou a filha de um chefe
(cf. Mt 9,18-19.23-26). Em cada visita e encontro, Jesus inaugurava, com seu
amor misericordioso, um novo tempo na vida de cada pessoa. Seus gestos de
ternura devolviam a paz em cada coração.
Grande
é a multidão de pessoas enfermas que esperam nossa visita. Essas pessoas não
estão longe de nós. Muitas vezes, são nossos próprios familiares ou
encontram-se em nossa rua ou bairro. Muitos são membros de nossas comunidades
cristãs. A cada uma dessas pessoas somos enviados como missionários da
misericórdia.
Neste
Ano Santo da Misericórdia, somos convidados a fazermos a diferença na vida de
alguém. Pequenos gestos, quando praticados com amor, deixam marcas de
eternidade no coração.
O
momento da enfermidade é sempre um período de fragilidade e, muitas vezes, de
solidão, em que a pessoa faz a dolorosa experiência da sua incapacidade, dos
seus limites e também da finitude da vida. Sozinho em casa, o enfermo, muitas
vezes, passa dias e noites sem receber uma única visita, tendo apenas como
companhia a televisão, o rádio, o computador ou ainda o celular. A misericórdia
não se realiza com palavras bonitas ou frases de efeito, ela é concreta e
precisa ser exercitada. Nenhum equipamento eletrônico substitui um sorriso que
devolve a alegria, um abraço que conforta, uma palavra que tranquiliza, uma
oração que aumenta a fé, um olhar que dá esperança, um ouvido que escuta as
dores e os medos.
Pratique atos de misericórdia
Hoje,
é o momento propício para atravessarmos as fronteiras de nossos quintais e
irmos ao encontro de quem necessita de nosso carinho, conforto e ternura. No
leito de dor encontraremos o próprio Cristo sofredor: “Estive doente e me
visitastes” (cf. Mt 25,36).
Em
cada visita que realizamos, levamos não somente nosso amor, mas o próprio
Cristo. E que ao chegar ao final deste ano você possa olhar para trás e dizer
com o coração agradecido: “Eu fiz a diferença na vida de alguém!”
O
mundo tem necessidade de pessoas que tenham a coragem de semear o bem e levar a
misericórdia aos mais necessitados. Nas Sagradas Escrituras, encontramos um
sábio conselho que desperta nosso coração para a assistência aos irmãos
doentes: “Não temas visitar doentes, porque serás amado por isso” (cf. Ecl
7,35) Acredite: o mundo pode ser melhor com pequenos gestos de amor que você
praticar.
Por Padre Flávio Sobreiro
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